Só amor romântico não é suficiente!
Pr. Josué Gonçalves
Nem só de flores e versos vive um casamento! Eu fiz uma enquete no site do nosso ministério, www.familiaegraca.com.br, com a seguinte pergunta: "O que você acha que mais está faltando em seu casamento?" Das 773 pessoas que participaram, 23% responderam que está faltando "romantismo". É claro que todos nós queremos um relacionamento com poesia, flores, presentes, declarações de amor, surpresas agradáveis, etc. Porém, em uma construção, o amor romântico é apenas o ornamento, a decoração, a pintura, os vasos, as plantas, as flores, os quadros na parede, os tapetes, etc. Tudo isso é necessário em uma casa, pelo contrário a casa fica sem graça, sem vida, sem alegria, sem beleza. Porém, se o amor romântico é a ornamentação que torna a construção mais bonita e alegre, o amor sacrificial é o alicerce, a fundação. De onde você está agora, não é possível enxergar o alicerce desta construção, mas é o que sustenta e dá segurança.
A segurança de um relacionamento conjugal depende da profundidade do amor sacrificial do casal. Foi por isso que o apóstolo Paulo escreveu: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou (na cruz) por ela,..." (Ef 5:25). O que determina o sucesso ou o fracasso de um casamento quando o casal experimenta a força dos temporais da vida é o amor sacrificial. Há uma estatística que diz, que, quando uma doença grave atinge a esposa, colocando-a em uma cama até a morte, o homem tende a 'pular do barco' no meio do caminho, deixando-a morrer sozinha. Esta mesma pesquisa mostra que as mulheres, na maioria das vezes, vão com o marido doente até o fim. Por quê? Falta profundidade do amor-sacrifício. Apesar desta estatística, eu já vi homens sofrerem ao lado da esposa até o ultimo momento, amando-a sacrificialmente.
Em meu casamento eu já vivi um tempo onde o nosso amor sacrificial foi testado. No mês de janeiro do ano de 2006, quando voltamos de férias, eu e minha esposa fomos ao médico para saber sobre o resultado de um exame que ela havia feito antes de viajar. Para o nosso desespero, o resultado que o médico nos passou era que ela estava com um tumor maligno de três centímetros no seio direito. Lembro-me como se fosse hoje, quando o médico começou a desenhar em um papel, mostrando-nos a gravidade e a dimensão do problema, foi difícil acreditar que tudo aquilo estava acontecendo conosco. Ele disse, será um ano onde tudo terá que ser alterado por causa da cirurgia, da quimioterapia e da radioterapia. Após ouvirmos tudo aquilo, saímos da sala em silêncio. Chegando ao carro, choramos intensamente sem saber o que dizer um para o outro. Quando me refiz emocionalmente, liguei o carro e sai em direção à nossa casa. Na rodovia Fernão Dias, parei o carro debaixo de uma árvore para orarmos. Foi a oração mais difícil que já fiz, porque não estávamos orando para brigar com Deus, mas para reconhecer sua soberania e pedir graça para atravessarmos aquele deserto. Depois de orarmos, eu tinha diante de mim a oportunidade para declarar o meu amor sacrificial à minha esposa. Após a oração, eu segurei na mão dela e disse: "Durante todo o tempo que for necessário para o tratamento, vou provar que o meu amor por você não é apenas romântico, mas sobre tudo, sacrifical". O que eu estava tentando dizer para ela era que eu estaria ao seu lado, com cabelo ou sem cabelo, isto porque a quimioterapia faria cair todos os pelos do corpo. Estaria ao seu lado com encontros sexuais semanais ou mensais, por que o tratamento provocaria um mal estar quase insuportável, o que nos obrigaria a se abster sexualmente por um bom tempo. O certo é que foram quase doze meses de tratamento. Quantas vezes ao acordar, ela já tinha acordado bem antes de mim e estava com o rosto molhado de lágrimas. Eu ministrava orando e fazendo um carinho em seu rosto, depois lia um Salmo e cantava o verso de um hino que diz:
"Se tu minh'alma, a Deus suplica,
Espera n'Ele, confiante fica,
Em tuas promessas que são mui ricas
E infalíveis pra te valer!
Por que te abates, oh minh'alma
Espera nele, com fé e calma!
Jesus de todos os seus males salva,
E te abençoa dos altos céus!"
Com esta ministração de amor sacrificial, ela dormia mais um pouco. Foram meses viajando para ministrar em eventos para casais sem tê-la ao meu lado, deixando-a aos cuidados de pessoas amigas. A prova passou, hoje ela está curada, já fez por duas vezes todos os exames solicitados pelos médicos e o resultado foi que sua saúde está ótima. Amar quando tudo vai bem é fácil, o grande desafio é amar quando tudo parece lutar contra nós. Após atravessar aquele deserto, saí do outro lado mais doce, mais sensível, mais compreensivo, mais maduro, mais casado, mais romântico! Hoje voltamos a viajar juntos, namorar, brincar e curtir os nossos filhos com muita alegria. Não basta se preocupar exageradamente com a decoração da casa, se não houve investimento significativo no alicerce.
Só amor romântico não basta, é preciso amor sacrificial!!!
fonte/www.familiaegraca.com.br -
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