Frases de C. H. Spurgeon
Ilustrações Charles Haddon Spurgeon
Sermões Spurgeon
Sermão N° 1500
Exposto na manhã de domingo de 19/10/1879, por Charles Haddon Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.
“E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.”
Nm 21:9
Este sermão, quando impresso, virá a ser o número 1500 dos que têm sido publicados com regularidade, semana após semana. Esse é um feito extraordinário. Não conheço nenhum outro caso em que 1500 sermões tenham sido impressos e tenham conseguido atrair um grande número de leitores. Desejo expressar meu profundo agradecimento a Deus por sua Divina ajuda em conceber e expressar esses sermões, que não foram somente impressos, mas lidos com avidez e também traduzidos para outras línguas. Eles são lidos publicamente, neste mesmo domingo, e em centenas de outros lugares onde não se tem um ministro. Esses sermões são benção para conversão de muitas almas.
Posso - e devo – regozijar-me por essa grande benção, pois a atribuo, de todo coração, à graça do Senhor! Pensei que a melhor forma de demonstrar meu agradecimento seria pregar Jesus Cristo, de novo, e apresentar um Evangelho claro como a alfabetização de uma criança. Espero que ao completar a lista de 1500 sermões o Senhor me dê uma palavra muito mais abençoada que qualquer uma que as tenha precedido, para conversão de quem ouvi-la e lê-la. Que os que presidem na escuridão por não entenderem a liberdade da salvação e o método fácil pelo qual ela é obtida, sejam levados à luz pela descoberta do caminho de paz através da fé em Jesus. Perdoe-me por essa introdução: meu agradecimento não poderia me abster disso.
Com respeito ao nosso texto e a serpente de metal, se nos voltarmos ao Evangelho de João, notaremos que em seu início há uma espécie de lista ordenada de servos tirados da Santa Escritura. Isso começa com a criação. Deus disse: “Haja luz” e João diz que Jesus, o Verbo eterno, é “a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo”. Antes de terminar seu primeiro capítulo, João introduziu um modelo fornecido por Abel, pois quando [João] Batista viu Jesus chegando-se a ele, disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Nem é terminado esse capítulo e nos lembramos da escada de Jacó, descobrimos que o Senhor a explica a Natanael: “Na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” (Jo 1:51).
Chegando ao terceiro capítulo, chegamos tão longe quanto Israel no deserto e lemos as jubilosas palavras: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado para que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:14,15). Falaremos desse ato de Moisés esta manhã, para que possamos observar a serpente e encontrar a promessa verdadeira, “aquele que for mordido, olhando para a serpente de metal, viverá”.
Pode ser que em você que já tenha olhado alguma vez, produza um benefício renovado, enquanto alguns que nunca o fizeram podem contemplar o Salvador erguido e, nesta manhã, podem ser salvos do veneno da serpente, desse veneno mortal de pecado que agora se infiltra em sua natureza e gera a morte de suas almas. Que o Senhor possa fazer essa palavra eficaz para seu misericordioso fim!
1) Convido você a considerar o assinto, primeiramente, olhando a PESSOA EM PERIGO MORTAL, para qual a serpente de metal foi feita e erguida. Nosso texto diz: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia” (Nm 21:9). Notemos que as serpentes venenosas, antes de tudo, chegaram até o meio do povo porque eles haviam desprezado o caminho e o pão de Deus. “O povo ficava cada vez mais desencorajado por causa do caminho” (-). Esse era o caminho de Deus – Ele o havia escolhido para eles e Ele havia escolhido em sabedoria e misericórdia – porém eles murmuravam disso.
Como dizia um velho teólogo: “era solitário e detestável”, mas ainda assim era o caminho de Deus, então não foi detestável – Sua coluna de fogo e sua nuvem foi adiante deles e de seus servos, Moisés e Arão os guiaram como um rebanho – eles os devem ter seguido alegremente. Cada passo de sua jornada fora guiado com retidão, também. Mas não, eles desprezaram o caminho de Deus e quiseram seguir seus próprios caminhos. Essa é uma das maiores idiotices do homem- não se
contentar em esperar o caminho do Senhor e prosseguir nele – preferir um desejo e um caminho próprio.
O povo ainda reclamou do alimento que Deus proveu. Ele os deu a melhor parte, pois “o homem comeu comida dos anjos’’ (Sl 78:25), mas se referiram ao maná como um título ultrajante, que para os hebreus tem um ar de ‘ridículo’, e até na nossa tradução conduz à uma idéia de desprezo. Disseram: “e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil” (Nm 21:5), achando eles que era uma comida não substancial e que só serviria para inchá-los, já que era de fácil digestão e não produziria neles o aquecimento e a tendência de se procriar doenças (o que uma dieta mais pesada produziria). Descontentes com seu Deus, eles reclamaram do pão que Ele colocou em suas mesas, que sobrepujava qualquer outro alimento que um homem já havia comido antes ou depois.
Outra tolice do homem- ele se recusa a se alimentar da Palavra de Deus e de acreditar na Verdade. O homem deseja o alimento pecaminoso da razão carnal, o alho das tradições supersticiosas e o pepino da especulação! Ele não pode se humilhar e acreditar na Palavra de Deus ou aceitar uma Verdade tão simples, tão adequada à capacidade de uma criança. Muitos exigem algo mais fundo que o Divino, mais profundo que o infinito, mais liberal que a Graça. Eles discutem com o caminho e o pão de Deus e, então, as serpentes venenosas de luxúria, orgulho e pecado se achegam até eles.
Talvez eu esteja falando com alguns que, até esse momento, que relutam contra os preceitos e doutrinas do Senhor e eu, carinhosamente, os informaria que essa desobediência e presunção os irão conduzir ao pecado e sofrimento. Rebeldes contra Deus estão aptos a tornar-se cada vez pior. As modas e maneiras do mundo pensar o conduzem ao vício e crimes. Se desejarmos os frutos do Egito, em breve sentiremos as serpentes do Egito! A conseqüência natural de tornar-se contra Deus como serpentes, é encontrar serpentes surpreendendo nosso caminho. Se abandonarmos o Senhor em espírito, ou em doutrina, as tentações irão nos espreitar e o pecado nos picará.
Eu lhe peço que observe cuidadosamente que aquelas pessoas para quem a serpente foi erguida já haviam sido mordidas pelas serpentes. O Senhor mandou serpentes venenosas, mas não foram as serpentes no meio deles que envolveu o erguimento da serpente de bronze- foi o fato delas terem envenenado o povo, o que exigiu a provisão de um remédio: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.” (Nm 21:9). As únicas pessoas que
olharam e provaram do benefício dessa maravilhosa cura levantada no meio do acampamento foram as que haviam sido picadas pelas víboras.
A noção comum é que salvação é para as pessoas boas, as que lutam contra as tentações e para os que estão espiritualmente sadios. Mas como é diferente da Palavra de Deus! O remédio de Deus é para os doentes e Sua cura é para os necessitados! A Graça de Deus, através da Expiação de nosso Senhor Jesus Cristo, é para quem é real e seriamente culpado. Não pregamos uma salvação sentimental, de uma culpa inconcebível, mas perdão real e verdadeiro para ofensas reais! Não ligo para falsos pecadores- você que nunca fez nada errado, você que é tão bom que está sempre certo, eu te deixo- pois eu prego para os que estão cheios de pecados e são dignos da ira eterna!
A serpente de bronze era um remédio para os que haviam sido picados. Que terrível coisa ser picado por uma serpente! Eu ouso dizer que alguns de vocês lembram o caso de Gurling, um dos guardadores de répteis do Zoological Gardens. Aconteceu em outubro de 1852, então alguns de vocês lembrarão isso. Esse triste homem acabava de se despedir de um amigo que iria à Austrália e, de acordo com muitos, ele tomou uns drinks com seu amigo. Bebeu quantias consideráveis de gim e ficaria aborrecido se alguém o chamasse bêbado, embora razão e senso comum tenham vencido.
Ele voltou para seu posto embriagado. Ele havia visto alguns meses antes, uma exibição de encantamento de serpentes, o que ainda permanecia em sua pobre e bagunçada mente. Ele seguiu os passos dos egípcios e começou a brincar com as serpentes! Primeiro ele tirou uma serpente de Marrocos da jaula, colocou ao redor de seu pescoço e a enroscou e permitiu que ela rodeasse seu corpo. Felizmente, pra ele, o assistente gritou para ele: ‘pelo amor de Deus! Coloque a cora em seu lugar!’, porém o tolo homem respondeu: ‘estou inspirado’.
Essa serpente mortal estava de alguma maneira, entorpecida pelo calor da noite anterior, então o homem imprudente a colocou em seu peito até ela despertar e deslizar-se até chegar à parte detrás de seu colete. Ele a pegou pelo corpo, com um pé de distância da cabeça, e com a outra mão aí a agarrou um pouco mais abaixo (tentando sustentá-la pela cauda)
para fazê-la girar por sua cabeça. Sustentou-a por instante contra seu rosto e, como um raio, a serpente o picou entre seus olhos. O sangue
começou a escorrer por sua face e pediu por socorro, mas seu companheiro fugiu horrorizado!
Como declarou ao júri, não sabia por quanto tempo ficou ausente, pois estava perplexo. Quando assistência chegou, Gurling estava sentado em uma cadeira e com a serpente devolvida a seu lugar. Ele disse: ’sou um homem morto’. Puseram-no em um táxi o levaram ao hospital. Primeiramente, não consegui falar- somente apontava para sua garganta e gemia. Depois, sua visão falhou e por último sua audição. Sua pulsação foi caindo gradualmente e uma hora depois da fatalidade, ele era um cadáver. Havia apenas uma pequena marca em seu nariz, mas o veneno se espalhou por seu corpo e ele era um homem morto.
Conto-lhe essa história, pois você poderá usá-las como uma parábola e aprender a nunca brincar com pecado e também para mostrar-lhe vividamente o que é ser mordido por uma serpente. Suponha que Gurling pudesse ter sido curado ao olhar um pedaço de metal- isso não seria uma ótima notícia para ele? Não houve nenhum remédio para essa pobre criatura encantada, mas há um remédio pra você! Par os homens que foram picados por essa serpente brilhante do pecado: Jesus é erguido- não só para você que brinca com a serpente, não só para você que a colocou em seu peito e a viu escorregar por sua carne- mas para você que está realmente picado e mortalmente ferido! Se algum homem for picado e chegue a ponto de ficar doente com o pecado e sentir o veneno mortal em seu sangue, isso é pra ele que Jesus é apresentado hoje. Apesar de ele pensar que é um caso extremo, é para esses que a Graça Soberana de Deus é um remédio!
A picada da serpente foi dolorida. Nesse texto, é dito que as serpentes são ‘ardentes’, uma palavra que se refere à sua cor, entretanto mais provavelmente faz referência aos efeitos destrutivos de seu veneno. Ele aquece e inflama o sangue em tão cada veia se torna um rio em ebulição, crescendo com aflição. Em algumas pessoas que o veneno de víboras que chamamos de pecado inflamou suas mentes. Eles estão sem descanso, descontentes e cheios de medo e angústias. Eles escrevem sua própria condenação- eles têm certeza que estão perdidos- recusam todas as notícias de ajuda. Não se pode esperar que prestem uma atenção calma e sóbria à mensagem da Graça. O pecado os atemoriza tanto que se rendem como homens mortos. Eles estão em sua
apreensão, como Davi diz: “Livre entre os mortos, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais Te não lembras mais” (Sl 88:5).
Para os homens picados pela serpente ardente que a serpente de bronze foi erguida e é para os homens realmente envenenados pelo pecado que Jesus é pregado. Jesus morreu por aqueles que estão completamente desesperados- por aqueles que não podem pensar retamente, por aqueles que sua mente é sacudida de cima a baixo, por quem já está condenado- por esses o Filho do Homem foi erguido na cruz! Que coisa maravilhosa que podemos te falar hoje. A picada dessas serpentes, eu já disse, era mortal. Os Israelitas não tiveram dúvidas sobre isso, porque em sua presença, “muitas pessoas de Israel morreram”. Eles viram muitos de seus amigos morrerem da picada das serpentes e ajudaram a enterrá-los. Eles sabiam por que os outros estavam morrendo e tinham certeza que era por causa do veneno das serpentes ardentes que estava em suas veias. Não tinham nenhuma desculpa para imaginarem que seriam mordidos e, ainda sim, viveriam.
Agora sabemos que muito pereceram como resultado do pecado. Não temos dúvidas do que o pecado pode fazer, pois a Palavra Infalível nos ensina que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23), e ainda, “o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tg 1:15). Também sabemos que essa morte é o sofrimento sem fim, para qual a Escritura descreve quando os perdidos são jogados em profunda treva, “porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará” (Is 66:24). Nosso Senhor Jesus nos fala dos condenados que irão para o juízo eterno, onde haverá choro, gemidos e ranger de dentes. Não devemos ter nenhuma dúvida quanto a isso! Mas os que dizem duvidar disso são os que temem que isso seja para eles- eles sabem que irão para a eterna desgraça, então, eles fecham os olhos para fingir não ver sua inevitável maldição.
Ah, que terrível é que encontrem lisonjeadores nos púlpitos que estimulam seu amor pelo pecado e tocam a mesma melodia. Nós não somos dessa classe. Acreditamos no que o Senhor falou em sua toda sua solenidade de temor, e, conhecendo o temor do Senhor, nós persuadimos os homens a escapar disso. Mas isso é para quem sofreu a picada mortal, para sobre cujos rostos pálidos a morte começava a por seu selo, para os homens cujas veias estavam ardendo por dentro – para eles era o que Deus falou a Moisés: “Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela” (Nm 21:8).
Não há nenhum limite para a etapa do envenenamento. Não importava quanto tempo tivesse passado o remédio ainda fazia efeito! Se uma pessoa fosse mordida instantes antes e só visse algumas gotas brotando, e só tivesse sentindo uma pequena dor, ela olhava a serpente e vivia! E se, infelizmente, tivesse esperado, por meia hora, com a voz começando a falhar e sua pulsação caindo, se ele somente conseguisse olhar para a serpente, viveria! Não se estabeleceu nenhum limite para o poder desse remédio Divino ou para a liberdade de sua aplicação para os que necessitavam. A promessa não tinha nenhuma clausula condicional: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.”.
Em nosso texto vemos que promessa de Deus acontecia em todo caso, sem exceção, onde lemos: “picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.”. Assim, então, descrevi a pessoa que se encontrava em perigo mortal.
2) Segundo: vamos considerar o REMÉDIO PROVIDO PARA ESSA PESSOA. Ele foi único e eficaz. Era puramente de origem divina e é claro que sua invenção e o poder que tinha nele era inteiramente de Deus. Homens prescreveram muitos remédios, decocções e operações para a picada de serpente - não sei de que tanto de depende deles, mas sei isso: preferiria não ser mordido para não ter que provar de nenhum deles, incluindo os que estão em moda!
Para as mordidas das serpentes ardentes no deserto não havia qualquer remédio que fosse exceto o que Deus havia mandado, e à primeira vista, era um remédio bem incomum. Uma simples olhada para uma serpente numa haste? Que improvável que funcione! Como e por que meios poderia a cura efetuar-se somente olhando para uma serpente? Isso parecia, de fato, ser brincadeira o fato de a pessoa olhar para o objeto que causou sua desgraça. Acaso se poderia curar uma picada de serpente olhando para uma delas? Acaso o que traz morte pode trazer vida? Mas nisto estava a excelência do remédio, que era de origem divina, pois quando Deus ordena uma cura, está obrigado que haja poder nela. Ele não conceberá uma falha, nem mandará uma zombaria! Seria suficiente para nós saber que Deus ordena uma benção, pois Ele ordena, ela obterá o resultado prometido.
Não necessitamos saber como funcionará, é suficiente para nós que a Graça poderosa de Deus está comprometida em trazer bem para nossas almas. Esse particular remédio da serpente erguida numa haste foi sumamente instrutivo, apesar de achar que Israel não entendeu isso. Temos sido instruídos pelo nosso Senhor e sabemos seu significado. Era uma serpente imobilizada em uma haste. Como se pegaria um dardo e o lançaria contra a cabeça da serpente para matá-la, essa serpente também era exibida como morta e colocada em exibição na frente de todos. Era a imagem de uma serpente morta. Maior das maravilhas é nosso Senhor Jesus rebaixado, simbolizado como uma serpente morta!
A instrução para nós, após ler o Evangelho de João, é: nosso Senhor Jesus, em infinita humilhação, se dignou vir ao mundo e aceitou ser maldição por nós. A serpente de bronze não tem veneno, em si, mas tomou a forma de uma serpente venenosa. Cristo não é nenhum pecador e n’Ele não há nenhum pecado. A serpente de bronze tinha a forma de uma serpente, assim como Jesus fora enviado por Deus “em semelhança da carne do pecado” (Rm 8:3). Ele veio debaixo da Lei e o pecado o fora imputado, então ele veio debaixo da ira e maldição de Deus pelos nossos pecados. Em Jesus Cristo, se você olhar para a cruz verá que o pecado está morto e pendurado como um serpente morta- também ali a morte é abolida, pois “aboliu a morte, e trouxe à luz a vida” (II Tm 1:10)- e ali também a maldição é cancelada para sempre devido ao que suportou, sendo “maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3:13).Assim essas serpentes são penduradas como espetáculo para todos os espectadores, todas mortas pelo agonizante Senhor. O pecado, a maldição e a morte são, agora, como serpentes mortas!
Oh, que espetáculo! Se pudesse ver isso, que regozijo seria! Ah, se os hebreus tivessem entendido isso, que uma serpente pendurada numa haste teria sido uma profecia do glorioso quadro que nossa fé contempla hoje: Jesus imolado e o pecado, a morte e o inferno mortos n’Ele! O remédio, então, para ser olhado era sumamente instrutivo e sabemos que a instrução pretendia nos convencer.
Por favor, lembre-se que em todo acampamento de Israel havia somente um remédio para a mordida de serpente, que era a serpente de bronze- e só havia UMA serpente de bronze, não duas. Israel não faria outra, pois se a tivessem feito, ela não teria nenhuma utilidade medicinal. Havia uma, somente uma, que fora levantada bem no meio do acampamento, assim qualquer homem picado por uma serpente poderia olhar pra ela e viver.
Há um só Salvador. Somente um! Não há outro nome debaixo do Céu pelo qual podemos obter Salvação. Toda a Graça está concentrada em Jesus, de quem lemos: “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse” (Cl 1:19). Cristo suportou a maldição e acabou com ela. Cristo foi picado por uma serpente em seu calcanhar, mas pisou em sua cabeça e a destruiu: é para esse Cristo unicamente que devemos olhar
se quisermos viver. Oh, pecador, olhe para Jesus na cruz, Ele que é o único remédio para qualquer ferida do veneno do pecado!
Havia somente uma serpente que curava naquela época, e ela era brilhante e lustrosa. Era uma serpente de bronze, e bronze é um metal brilhoso. Tratava-se de um bronze recém forjado, então não estava embaçado e sempre que o sol batia nela, brilhava, resplandecia. Podia ter sido uma serpente de madeira ou qualquer outro material que Deus poderia ter mandado, mas Ele mandou que fosse de bronze, para que fosse rodeada de brilho.
Que brilho há ao redor de nosso Senhor Jesus Cristo! Se simplesmente o expusermos em Seu metal verdadeiro, ele será visto pelos olhos humanos. Se pregarmos o Evangelho somente, sem nos preocuparmos em o adornarmos com nossas filosofias, haverá brilho suficiente em Cristo para que ele alcance os pecadores: sim, Ele captura milhares de pessoas! O Evangelho eterno resplandece a Pessoa de Cristo. Assim como a base da serpente refletia os raios de sol, Jesus reflete o amor de Deus os pecadores, e eles, vendo isso, olham pela fé e vivem!
Mais uma vez, esse remédio era duradouro. Era uma serpente de bronze e creio que ela permaneceu no meio do acampamento desde aquele dia. Não havia mais utilidade depois que o povo entrou em Canaã, porém enquanto estavam no deserto, provavelmente ela era mostrada no centro, perto da porta do Tabernáculo sobre uma base elevada. Elevada e aberta para a contemplação de todos, pendia a imagem de serpente morta: a perpétua cura para o veneno de serpente! Se tivesse sido feita de outros materiais, teria quebrado ou caído... Mas o bronze duraria o tempo em que as serpentes brilhantes fossem pragas no deserto. Quando um homem fosse picado, ali haveria uma serpente de bronze para curá-lo.
Que reconfortante saber que Jesus ainda salve o pior dos pecadores que, por meio d’Ele, se achegue a Deus, vendo que Ele vive a interceder por nós. Um ladrão moribundo contemplou o resplendor dessa serpente de bronze quando olhou Jesus ao seu lado naquela cruz e isso o salvou! De igual maneira, você e eu podemos olhar e viver, pois “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13:8).
Desfalecida minha cabeça e enfermo meu coração
Ferido, machucado em toda parte
A picada ardente de Satanás ainda sinto
Envenenado com a soberba do Inferno:
Porém quando estou a ponto de morrer
Para cima direciono meus olhos
E vejo Jesus erguido
Vivo por Ele, que morreu por mim.
Espero não ter encoberto o tópico com essas figuras. Não desejo fazer isso, entretanto quero mostrá-los claramente. Todos que são realmente culpados, os que são picados pela serpente, o remédio certo para vocês é olhar para Jesus Cristo que levou seus pecados sobre Si mesmo e que morreu no lugar dos pecadores, “se fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Co 5:21). Seu único remédio está em Jesus e em nenhum outro lugar. Olhe para Ele e seja salvo!
3) Isso nos traz, em terceiro lugar, a considerar a APLICAÇÃO DO REMÉDIO ou o vínculo entre o homem picado e a serpente de bronze que irá curá-lo. O que era esse vínculo? Era do tipo mais simples que se pode imaginar. A serpente de bronze poderia ser levada, se ordenado por Deus, à tenda da pessoa que estava enferma, mas não era assim. O remédio podia ter sido aplicado por fricção: ele poderia repetir um tipo de oração ou então ter um pastor para fazer a cerimônia. Mas não tinha nada disso. Era somente olhar!
Era bom que a cura fosse tão simples quanto a freqüência das serpentes naquele lugar. Picadas de serpente aconteciam de várias maneiras. Um homem poderia estar recolhendo gravetos ou simplesmente andando e ser mordido. Até hoje serpentes são um perigo no deserto. O senhor Sibree diz que em uma ocasião ele viu o que parecia ser uma pedra redonda, lindamente decorada. Ele estendeu sua mão para pegá-la, quando, para seu horror, ele descobriu que era uma serpente viva que estava enrolada!
Durante todo dia, quando as serpentes eram enviadas a eles, os israelitas deveriam estar em perigo. Em suas camas, sua comida, em suas casas e quando saíam dela estavam em perigo. Essas serpentes são chamadas por Isaías de “serpentes voadoras, não porque voem, mas porque elas se contraem e, de repente, saltam e alcançam uma altura considerável e um homem pode ser surpreendido e atacado em sua perna mesmo estando ‘longe’ desses répteis malignos. O que o homem faria? Ele não podia fazer nada a não ser ficar do lado de fora de sua tenda e olhar para o lugar que resplandecia à distância o brilho da serpente de bronze! E, no momento em que olhasse para ela, ele estaria curado! Não havia nada a fazer a não ser olhar! Não era preciso um pastor, nenhuma água santa, nenhum abracadabra, nenhum livro de receitas. Nada, a não ser olhar!
Um bispo da igreja romana disse para um dos primeiros reformadores, quando pregaram a salvação pela fé: “Oh, doutor! Abra essa lacuna para as pessoas e estaremos arruinados!” E, realmente, estão arruinados, pois o negócio e o comércio de indulgências acabam quando confiamos em Jesus e vivemos.
Pois é assim. Creia n’Ele, você que é pecador - pois este é o significado espiritual de ‘olhar’- e seus pecados serão perdoados! E ainda mais: seu poder mortal cessa de operar em seu espírito. Há vida quando olhamos para Jesus! Acaso isso não é suficientemente simples?
Mas, por favor, note o quão pessoal isso era. Um homem não podia ser curado por qualquer coisa que alguém fizesse por ele. Se fosse mordido por uma serpente e se recusasse a olhar para a serpente de bronze e tivesse ido para sua cama, nenhum médico poderia ajudá-lo. Uma mãe piedosa se ajoelharia e oraria por ele, mas isso não traria nenhum efeito. Irmãs poderiam vir e clamar; ministros seriam chamados para orar para que o homem pudesse viver, mas ele morreria apesar das orações se não olhasse para a serpente de bronze.
Não havia outra saída para sua vida- ele teria que olhar para ela! É o mesmo com sua vida. Alguns de vocês me escreveram, implorando para que orasse por seus pedidos. Assim eu fiz, mas isso não significa nada, ao menos que você, por você mesmo, acredite em Jesus Cristo. Não há no Céu, nem debaixo dele, nenhuma esperança para nenhum de vocês, a não ser acreditar em Jesus Cristo!
Quem quer que você seja, por mais picado pela serpente que esteja e por perto que esteja da morte, se você olhar para o seu Salvador, você viverá! Entretanto, se você não o fizer será condenado, tão certo como vives. No último Grande Dia, eu devo dar testemunho contra você, pois te alertei direta e claramente: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:16). Não há outra ajuda para isso. Podes fazer o que quiseres: juntar-se à igreja que te agrade, tomar a Santa Ceia do Senhor, ser batizado, aplicar-se severas penitências, dar todos os seus bens aos pobres.. Mas você estará perdido se não olhar para Jesus. Não há nada em Sua morte que te salve; não há nada em Sua vida que te salve, ao menos que confie n’Ele. É assim: você deve olhar- e olhar por si mesmo.
E logo, de novo, é muito instrutivo. O que significa esse olhar? Significa: auto-ajuda deve ser abandonada e deve-se confiar em Deus! O homem ferido diz: “Não devo sentar-me aqui para olhar minha ferida, pois isso não me salvará. Vê onde a serpente me picou? O sangue está escorrendo, preto com o veneno! Como isso queima e incha! Minhas pulsações estão falhando. Mas todas essas reflexões não me aliviarão. Devo olhar logo ali, a serpente de bronze que foi levantada. É perda de tempo olhar para o que não é o remédio que Deus ordenou.
Os israelitas devem ter compreendido: Deus requer que confiemos n’Ele e que usemos Seus meios de salvação. Devemos fazer exatamente como nos ordena e confiar que Ele trará nossa cura- e se não queremos fazer isso, morreremos eternamente.
Esse meio de cura tinha a intenção de magnificarem o amor de Deus e atribuírem sua cura inteiramente à Sua Divina Graça. A serpente de bronze não era uma simples figura, como já mostrei a vocês, em que é mostrado Deus quitando o pecado do mundo ao aplicar Sua ira em Seu Filho, mas uma demonstração do amor divino. E isso sei, pois o próprio Jesus disse: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado. (...)Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (Jo 3:14,16), mostrando claramente que a morte de Jesus na cruz foi uma demonstração de amor aos homens e qualquer que olhe para essa exibição do profundo amor de Deus, ou seja, Sua entrega de Seu filho unigênito para virar maldição por nós, viverá.
Agora, quando um homem era sarado por olhar a serpente, não podia dizer que fora curado por si mesmo, pois ele somente olhava, e não havia poder numa olhada. Um cristão nunca reclama honra ou crédito em razão de sua fé. Onde está o glorioso crédito simplesmente crer na Verdade e humildemente confiar em Cristo para que te salve? A fé glorifica a Deus, e, assim, nosso Senhor escolheu isso como instrumento da nossa salvação.
Se um pregador viesse e tocasse o homem picado, ele poderia atribuir alguma honra a esse sacerdote. Mas como não havia nenhum sacerdote no caso, e não havia nenhuma exceção a não ser olhar para serpente, o homem chegava à conclusão que o poder e amor de Deus o haviam curado.
Não sou salvo por nada que tenha feito, mas o que o Senhor fez. Deus quer que cheguemos a essa conclusão: se somos salvos, é por Sua livre, rica, soberana e imerecida Graça, demonstrada na pessoa de Cristo.
4) Permita-me um momento para o quarto tópico, que é a CURA EFETUADA. O texto nos fala “picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia” (Nm 21:9), o que é dizer que a pessoa era curada de uma vez. Não tinha que esperar cinco minutos ou cinco segundos.
Querido leitor, você já ouviu isso alguma vez? Se não, eu poderia assustar você, mas é a verdade. Se você viveu no mais profundo pecado possível até esse momento, se agora somente crer em Jesus será salvo antes que o relógio sinalize outra hora. É rápido como um relâmpago! Perdão não é um trabalho de tempo.
Santificação requer uma vida, justificação não passa desse momento. Você crê, você vive! Você confia em Cristo, seus pecados são apagados! Você é um homem salvo no momento que crê! “Oh”, diz alguém, “isso é uma maravilha”. E isso é uma maravilha e será eternamente. Os milagres de nosso Senhor, quando estava na terra, eram instantâneos na maior parte das vezes. Ele os tocava e os que tinham febre podiam levantar-se e ministrar a Ele. Nenhum médico pode curar dessa maneira, pois há uma debilidade resultante dela depois que o calor passa. Jesus opera curas perfeitas e quem crer n’Ele, ainda que tenha crido um minuto, é justificado de todos os seus pecados. Oh, a inigualável Graça de Deus!
Esse remédio salvava uma e outra vez. Muito possivelmente, após um homem ser curado, ele voltava para seu trabalho e era atacado por uma segunda serpente, já que havia muitas delas naquele lugar. O que ele poderia fazer? Olhar outra vez! E se ferido mil vezes, teria que olhar mil vezes.
Você, amado filho de Deus, se você tem pecado em sua consciência, volte-se pra Jesus. O caminho mais saudável de viver onde as serpentes abundam, é nunca tirar seus olhos da serpente de bronze. Ah, vocês, víboras, podem morder se quiserem, enquanto meus olhos estiverem na serpente de bronze, eu desprezo suas presas e seu veneno, pois tenho um remédio que trabalha continuamente em mim! Tentação é vencida pelo sangue de Jesus! “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (I Jo 5:4).
Essa cura era de eficácia universal para todos que a usavam. Não havia nenhum caso, em todo o acampamento, em que um homem olhava para a serpente de bronze e morria. E não haverá nenhum caso em que um homem olhe para Jesus e permaneça condenado! Quem crer será salvo. Algumas pessoas tinham que olhar a uma longa distância- a haste podia não estar eqüidistante de todo mundo, mas enquanto pudessem vê-la, isso curaria tanto quem estava longe, como quem estava perto. Tão pouco importava se seus olhos eram defeituosos. Nem todos tinham uma visão perfeita. Alguns poderiam ser estrábicos, outros poderiam ter a visão escurecida ou então apenas um olho: mas se eles somente olhassem, viveriam! Talvez o homem mal pudesse distinguir a forma da serpente quando olhava para ela e dizia: “oh, não posso ver as curvas da serpente, mas posso ver seu brilho”. E ele vivia!
Oh, pobre alma, se não pode ver Cristo e Suas maravilhas, nem toda a riqueza de sua Graça. Porém se pode ver que se tornou pecado por nós, viverá! Se você diz: “Senhor, eu creio. Ajuda-me com minha incredulidade”, sua fé te salvará! Uma ‘pequena’ fé te dará um grande Cristo e você encontrará vida eterna n’Ele.
Dessa forma, procurei descrever a cura. Oh, que o Senhor queira operar essa cura em cada pecador aqui nesse momento. Oro para que Ele o faça! Era um pensamento agradável que se eles olhassem para a serpente de bronze, debaixo de qualquer luz, viveriam. Muitos olhavam à luz do meio dia, viam todos os detalhes e viviam. Porém não me surpreenderia se alguns fossem picados à noite e, sob a luz da lua, se achegassem à serpente, vivessem. Talvez fosse uma noite escura e tempestuosa e
nenhuma estrela era visível. A tempestade explodia lá no alto e da escura nuvem se via um relâmpago partindo as rochas. Pelo esplendor dessa súbita luz, a pessoa viu a serpente de bronze, e mesmo tendo-a visto por um segundo, passou a viver. De igual maneira, pecador, se sua alma está envolta na tempestade e se da nuvem se desprende somente um raio de luz, olhe para Jesus com a ajuda desse raio e viva!
5) Concluo com essa última parte – aqui há UMA LIÇÃO PARA QUEM AMA A SEU SENHOR. O que devemos fazer? Devemos imitar Moisés, cuja responsabilidade foi erguer uma serpente de bronze sobre uma haste. É seu compromisso e meu também, que levantemos o Evangelho de Cristo para que todos possam vê-lo! Tudo que Moisés teve que fazer foi levantar a serpente à vista de todos. Ele não disse: “Arão, traga seu incensório e também muitos sacerdotes e formem uma nuvem de perfume”. Tão pouco disse: “Eu mesmo irei, com minhas roupas de quem escreveu as leis, e ficarei lá”. Não, Moisés não tinha nada que fosse pomposo ou cerimonial. Ele só tinha que exibir a serpente de bronze, deixando desnuda e à vista de todos. Ele não disse: “Arão, traga uma roupa de ouro, envolva a serpente em azul e carmesim e em linho fino. Um ato assim seria totalmente contrário às ordens. Ele devia manter a serpente descoberta. Seu poder estava em si mesma, não em que a envolvia. O Senhor não mandou pintar a haste ou decorá-la com as cores do arco-íris. Oh, não. Qualquer haste serviria.
As pessoas que estavam à beira da morte, não precisavam ver a haste- necessitavam unicamente contemplar a serpente. Arrisco-me a dizer que ele fez uma haste nítida, pois a obra de Deus deve ser feita decentemente, mas ainda assim, a serpente era o objeto que devia ser olhado.
Isso é o que devemos fazer com nosso Senhor. Temos que pregá-lo, ensiná-lo e fazê-lo visível a todos os olhos! Não devemos escondê-lo em nossas tentativas de mostrar conhecimento e eloqüência. Temos que parar com essa ‘faca de dois gumes’ que é a eloqüência e essas coisas de azul e carmesim na forma de grandiosas sentenças e períodos poéticos. Tudo deve ser feito de maneira que Jesus apareça e nada pode escondê-lo.
Moisés deve ter ido para sua casa dormir quando a serpente foi erguida. O que importava era que a serpente de bronze estivesse visível tanto de dia, como de noite. O pregador deve se esconder, de forma que ninguém saiba quem ele é, quando pregar a Cristo – não se deve ficar no meio do caminho.
Agora vocês professores: ensine Jesus às suas crianças. Mostre a eles Cristo crucificado. Mantenham Cristo adiante deles. Vocês que são jovens e tentam pregar, não façam isso grandiosamente. A verdadeira grandeza da pregação consiste em que Cristo Jesus seja mostrado grandiosamente nela. Nenhuma outra grandeza é necessária! Mantenham o ‘eu’ no chão, e ponham Jesus no meio do povo, evidentemente crucificado entre eles. Ninguém além de Jesus, ninguém além de Jesus! Deixe-o ser a suma e a substância de seu ensinamento.
Alguns de vocês olharam para a serpente de bronze, eu sei, e foram curados. Mas o que você tem feito com ela desde então? Não deram um passo à frente para confessarem a Jesus e nem procuraram uma igreja para se juntarem. Não falaram com ninguém sobre sua alma. Colocam a serpente de bronze em um baú e a escondem. Isso é certo? Tirem-na de lá e a ponham em um lugar alto onde todos a possam ver! Publiquem Cristo e a Salvação! A intenção não é que Ele seja tratado como uma curiosidade no museu. A intenção é que ele seja posto nas calçadas para os que forem mordidos possam olhar para Ele.
“Ah, mas eu não tenho um local apropriado para isso”, alguém diz. O melhor lugar para se colocar Jesus é aquele que todos possam ver de longe. Exalte Jesus! Bendiga Seu nome. Quanto mais você louvar o nome do Senhor, quanto mais alto levantar Seu nome, melhor! Ergam a Cristo!
“Ah, mas eu não tenho um estandarte largo!”, diz um. Então o erga com o que tens, pois há pessoas de baixa estatura que poderiam vê-lo através de você. Creio que já falei a vocês sobre um quadro que vi da serpente de bronze. Quero que os professores da escola dominical escutem isso. O artista representou todo tipo de pessoa se juntando ao redor da haste e quando olhavam as horríveis serpentes se desprendiam e viviam! Havia tamanha multidão perto dela que uma não podia nem se aproximar. Ela carregava um bebezinho, que havia sido picado. Você podia ver as marcas azuis do veneno. Como não podia se aproximar,
essa mãe o levantou bem alto e virou sua cabecinha na direção que pudesse olhar a serpente de bronze e viver.
Façam isso com suas crianças, professores da escola dominical! Mesmo eles sendo muito novos ainda, orem para que eles possam ver Jesus e viver, pois não há idade estabelecida para isso. Anciãos mordidos pela serpente venham cambaleando sobre suas muletas. “Tenho 80 anos”, diz um, “mas eu olhei para a serpente de bronze e fui curado!”. Crianças eram trazidas por suas mães, ainda quando não sabiam falar direito, gritavam com sua linguagem infantil: “eu olho para a grande serpente de bronze e ela me abençoa”.
Todos ou níveis, sexos, personalidades e toda disposição olhavam e viviam! Quem vai olhar para Jesus nessa hora maravilhosa? Oh, queridas almas, querem ter vida ou não? Desprezarão Cristo e morrerão? Se for assim, seu sangue está em suas próprias mãos! Eu disse a vocês o Caminho de Deus para salvação! Agarre-se a isso. Olhe para Jesus imediatamente. Que o Espírito te conduza gentilmente a isso. Amém.
Oro para que o Santo Espírito use esse sermão para trazer muitos ao conhecimento salvífico de Jesus Cristo.
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Tradução: Isabela Carolina
Original em: www.spurgeon.com.mx
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